

LAMENTAÇÕES DE UMA ALMA 3
Capitulo 3 – O redemoinho da morte
Puxei o ar pela boca e abri meus olhos com pavor, sem acreditar que aquilo estava acontecendo de verdade. Aquela criatura alva e com fisionomia medonha estava olhando agora para mim, como se fosse me estripar. O lugar onde ficavam os olhos estava vazio, apenas dois buracos negros e grandes. O susto foi enorme, tão grande que tornou minha fala possível, então gritei, gritei como se alguém pudesse ir ali me ajudar, mas, foi tudo em vão.
Aquela criatura horrenda numa reação ao meu grito de desespero subiu e atravessou o forro que dava acesso ao sótão. Eu, sem saber oque fazer fechei meu olhos, me ajoelhei e comecei a rezar com as mãos segurando o pingente de meu cordão, que era um pequeno crucifixo de ouro. Apesar de o tempo estar frio, mesmo depois que a chuva parou, minha testa suava e alguns fios de cabelo grudavam nela. Chorando de medo e muito tremula, senti minha casa vibrar, como se estivesse acontecendo um terremoto. Foi então que ao abrir meus olhos, uma agonia sombria me paralisou. Os moveis de minha casa, flutuavam sobre minha cabeça e a porta do sótão se abriu, saindo de dentro dele, uma ventania escura, que invadiu minha sala.
Meus gritos de angustia, desespero, dor e pavor, não adiantaram. Os moveis, junto com a ventania escura, flutuavam agora em movimentos circulares em torno de mim. Havia sofás, poltronas, cadeiras, porta-retratos, cacos de vidro da janela, a televisão de 42 polegadas, e pedaços de madeira. Eu estava no dentro de um redemoinho da morte.
– “Pare!! Por favor!! Pare com isso!!”, implorei em voz alta, mas nada acontecia, aquela ventania de moveis só ia se tornando cada vez mais violenta. – “Mas que droga está acontecendo aqui??? ” olhei para todos os lados para tentar achar alguma saída daquele redemoinho insano, mas não havia. Senti uma forte sensação de calor vindo de cima, olhei com medo de aquela situação piorar, e realmente estava ficando pior. O forro que estava sobre mim fumaçava. E um enorme circulo de fogo fazia o forro derreter. –“Será esse o meu fim? Porque eu tinha que está acordada as 3 da manhã?”.
De tanto chorar de medo, nos meus olhos já desciam lágrimas de sangue, meu corpo suava, e meus dedos estavam roxos, meus ossos doíam como se estivessem se quebrando um por um. Billy tinha razão, eu desejava e preferia morrer para não ter que está mais naquela situação. Meus dentes latejavam como se alguém estivesse lixando-os, minha boca seca tentava gritar, ainda que isso fosse em vão.
Meus olhos cheios de sangue me dava uma visão um pouco embaçada do que estava acontecendo. Aquele ser estranho que vi no quarto de hóspedes e que tinha atravessado o forro do sótão, agora passava por aquele furacão de moveis e seguia e minha direção. Era uma aberração, os moveis passando por dentro dele sem tocar nele, aquilo era mórbido, sombrio, inacreditável, mas era verdade.
Eu, já encolhida e deitada no chão, apenas vi aquela criatura se aproximando de mim.